Gestão de Riscos em Eventos: 7 Erros Comuns que Podem Custar Muito Caro

Artigo de impacto mostrando erros de organizadores (subdimensionar equipe, não prever rotas de evacuação, economizar em ambulância). Usa gatilho de medo e autoridade para convencer gestores a priorizarem segurança.

Lucas Soares da Silva

10/11/20254 min read

A Importância da Gestão de Riscos em Eventos

A gestão de riscos em eventos não é apenas um requisito burocrático, mas sim um fator estratégico que define o sucesso ou o fracasso de qualquer ocasião, seja ela uma conferência corporativa, um festival musical, um congresso acadêmico ou uma cerimônia privada. Trata-se de um processo estruturado e contínuo que envolve identificação, análise, avaliação, monitoramento e resposta aos riscos que possam impactar negativamente a segurança, a experiência do público e a reputação da organização promotora.

Quando conduzida de forma adequada, a gestão de riscos em eventos permite não apenas proteger os participantes, fornecedores e colaboradores, mas também resguardar a marca, mitigar impactos legais e evitar prejuízos financeiros severos. Mais do que uma obrigação normativa, é um investimento que se traduz em credibilidade, confiança e perenidade no mercado.

A Relevância da Gestão Preventiva

Um dos principais objetivos da gestão de riscos é a prevenção de acidentes e incidentes, especialmente em contextos com grande aglomeração de pessoas. Em situações críticas, qualquer falha operacional ou ausência de protocolos pode desencadear efeitos em cascata, levando a lesões, óbitos, pânico coletivo, processos judiciais e danos irreparáveis à reputação da marca.

O processo de análise de riscos deve considerar fatores como:

  • Condições ambientais e meteorológicas (chuva, ventos fortes, calor extremo, descargas atmosféricas);

  • Infraestrutura do local (capacidade de carga, rotas de acesso e fuga, resistência estrutural);

  • Características do público (perfil etário, mobilidade reduzida, consumo de álcool e drogas);

  • Atividades programadas (pirotecnia, estruturas suspensas, palcos, esportes radicais);

  • Recursos de resposta (brigadistas, ambulâncias, postos médicos, comunicação integrada).

Medidas proativas como simulados de emergência, capacitação periódica das equipes, inspeções técnicas prévias e checklists de conformidade normativa são indispensáveis para garantir um ambiente seguro e controlado.

Erros Críticos na Gestão de Riscos em Eventos

Embora muitos organizadores tenham consciência da importância da segurança, erros recorrentes ainda comprometem a eficácia dos planos de gestão de riscos.

Erro 1: Subdimensionar a Equipe de Brigadistas

Uma das falhas mais graves é designar menos brigadistas do que o necessário. O número de profissionais deve estar alinhado à quantidade de público, aos riscos inerentes do evento e às exigências normativas.

Consequências:

  • Atraso no atendimento a vítimas em emergências críticas;

  • Pânico generalizado pela ausência de resposta rápida;

  • Riscos legais decorrentes de descumprimento das legislações aplicáveis;

  • Danos à imagem da organização por negligência visível.

A recomendação é seguir parâmetros técnicos da NR-23, NBR 14276 (Brigada de Incêndio) e legislações municipais, garantindo uma proporção adequada de brigadistas treinados por público presente.

Erro 2: Não Prever Rotas de Evacuação

Um plano de evacuação mal estruturado ou inexistente pode transformar um incidente controlável em uma tragédia.

Consequências:

  • Tumultos e pisoteamentos em cenários de fuga;

  • Dificuldade de acesso das equipes de emergência;

  • Feridos graves ou fatais devido à falta de sinalização e orientação.

É essencial mapear saídas de emergência, instalar sinalização luminosa e visível, realizar simulações e treinar equipe de apoio para orientar o público em tempo real.

Erro 3: Economizar em Ambulâncias e Atendimento Pré-Hospitalar

Reduzir custos eliminando ambulâncias ou equipes médicas é um erro clássico e extremamente arriscado.

Consequências:

  • Atraso no atendimento de emergências médicas;

  • Agravamento de quadros clínicos que poderiam ser estabilizados no local;

  • Risco jurídico e financeiro por omissão de socorro e processos judiciais.

É fundamental contratar serviços de APH (Atendimento Pré-Hospitalar) com ambulâncias de suporte básico e/ou avançado, conforme porte e risco do evento, em conformidade com a Portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde.

Erro 4: Ignorar a Segurança em Shows e Festivais

Grandes eventos de entretenimento estão entre os cenários mais críticos devido à densidade do público e ao comportamento imprevisível da multidão.

Consequências:

  • Tumultos, quedas coletivas e desmaios;

  • Invasão de palco, falha em barreiras e barreiras humanas;

  • Perda de controle da segurança privada e necessidade de intervenção policial.

A segurança deve ser estruturada com controle de acesso eficiente, barreiras físicas adequadas, monitoramento por câmeras e equipe de segurança treinada em gestão de multidões.

Erro 5: Não Treinar a Equipe para Situações de Emergência

Mesmo com um plano bem estruturado, a falta de treinamento prático transforma qualquer documento em letra morta.

Consequências:

  • Respostas lentas ou equivocadas em situações de crise;

  • Pânico e desorganização entre participantes e staff;

  • Reputação arruinada pela falta de preparo.

A solução é implementar programas de capacitação contínua, simulações realistas e integração entre brigadistas, seguranças, equipe médica e voluntários.

Erro 6: Desconsiderar o Plano de Comunicação de Crise

Muitos organizadores falham em prever como comunicar ao público e à imprensa em situações emergenciais.

Consequências:

  • Informações desencontradas que geram boatos e pânico;

  • Repercussão negativa na mídia e nas redes sociais;

  • Comprometimento da credibilidade da organização.

Um plano de comunicação de crise deve conter porta-voz definido, mensagens pré-estruturadas e integração entre equipe de segurança, imprensa e autoridades locais.

Erro 7: Não Cumprir Exigências Legais e Normativas

Outro equívoco frequente é a negligência quanto às exigências legais e normativas, como alvarás do Corpo de Bombeiros, autorizações municipais e cumprimento de normas da ABNT.

Consequências:

  • Interdição do evento antes ou durante sua realização;

  • Multas pesadas e responsabilização criminal dos organizadores;

  • Prejuízos financeiros incalculáveis.

É essencial realizar checklist jurídico e técnico com base em normas como NR-23 (Incêndio), NR-10 (Segurança em Eletricidade), NBR 9077 (Saídas de Emergência), além das legislações estaduais e municipais.

Conclusão: A Segurança como Pilar Estratégico

Eventos não são apenas experiências de entretenimento ou negócios; são também ambientes complexos, que concentram riscos diversos e exigem planejamento técnico, responsabilidade legal e gestão preventiva.

Organizadores que priorizam a gestão de riscos não apenas reduzem a probabilidade de incidentes, mas também:

  • Protegem vidas humanas;

  • Evitam processos judiciais e prejuízos financeiros;

  • Fortalecem a credibilidade da marca;

  • Garantem a continuidade do evento em edições futuras.

De acordo com levantamento da Event Safety Alliance, mais de 70% dos organizadores que implementaram planos de segurança estruturados reportaram significativa redução de incidentes. Investir em gestão de riscos não é custo — é garantia de sucesso e sustentabilidade no mercado de eventos.

Em suma, a segurança não é opcional, é estratégica.